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Mostrando postagens de maio, 2022

Sobrevivente de parada cardiorrespiratória por qualquer ritmo, quando encaminhar para o cateterismo cardíaco? Parte 2: TOMAHAWK trial

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Por Mardson Medeiros  /  Na texto anterior, discutimos os resultados do COACT trial (link aqui ), que estudou pacientes que sobreviveram a uma parada cardiorrespiratória (PCR) extra-hospitalar por ritmo chocável. 1,2 Trata-se de condição clínica extrema com elevada mortalidade, sendo as síndromes coronarianas agudas (SCA) responsáveis por até 60% das PCRs extra-hospitalares, nas quais uma causa cardíaca foi identificada. 3 O achado de supra de ST no eletrocardiograma (ECG) tem um bom valor preditivo positivo para lesões coronarianas agudas como gatilho para PCR, todavia, em um grupo muito maior de pacientes sem supra de ST no ECG, o espectro de possíveis causas é muito mais amplo e pode incluir tanto causas cardíacas como não cardíacas. 4,5 Em pacientes com infarto do miocárdio, a revascularização precoce teria o potencial de preservar a fração de ejeção e reduzir a possibilidade de sintomas agudos de insuficiência cardíaca (IC) e arritmias. Porém, o COACT trial sugeriu que, nos pacie

Sobrevivente de parada cardiorrespiratória por ritmo chocável, quando direcionar para o cateterismo cardíaco? Parte 1: COACT trial

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Por Mardson Medeiros  / A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma situação clínica de elevada mortalidade. Aproximadamente 40% dos pacientes que são ressuscitados com sucesso inicial de uma parada cardiorrespiratória por fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) sem pulso acabam falecendo depois. 1 Pacientes com etiologia evidente de PCR por FV/TV, como por exemplo renal crônico com potássio muito elevado ou histórico de TV por doença de Chagas, não necessariamente precisariam fazer cateterismo cardíaco (CATE). Todavia, como a doença coronariana isquêmica é a causa mais frequente de PCR, surgiu o questionamento se os sobreviventes de PCR por FV ou TV de causa ainda não definida ou com suspeita isquêmica deveriam ser encaminhados imediatamente para o cateterismo cardíaco (CATE) ou não. 2 O COACT trial foi um estudo multicêntrico, randomizado, aberto, que avaliou 552 pacientes de 19 centros holandeses, de 2015 a 2018, que sobreviveram a episódio extra-hospitalar de PCR

Limitações para o diagnóstico de sopros cardíacos: o ouvido humano, o ecocardiograma e a ressonância magnética

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Por Mardson Medeiros  / Quais as limitações do ouvido humano, através do estetoscópio, para avaliação dos sopros cardíacos? No ano de 2005, Kobal SL et al resolverem testar a hipótese de que estudantes de medicina, ainda sem experiência clínica, poderiam ser treinados durante 18 horas para fazer diagnósticos cardíacos acurados com um ultrassom portátil (US). Compararam o desempenho dos estudantes em relação ao de cardiologistas experientes, contudo, os profissionais certificados poderiam utilizar somente o exame físico convencional. 1 Sessenta e um pacientes realizaram, previamente, ecocardiograma transtorácico, sendo incluídos no estudo por conter pelo menos uma das alterações: fração de ejeção do ventrículo esquerdo menor do que 50% ou presença de qualquer valvopatia de grau moderado a importante.  As avaliações ultrassonográficas foram realizadas por um a dois estudantes de medicina e o exame físico convencional foi conduzido por um a cinco cardiologistas experientes e certificados.

Reposição de ferro realmente reduz desfecho cardiovascular? AFFIRM-AHF trial

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Por Mardson Medeiros / O AFFIRM-AHF trial teve por objetivo avaliar o efeito da carboximaltose férrica, comparada com placebo, em pacientes que foram estabilizados, após internamento por insuficiência cardíaca (IC) descompensada . 1 Qual a probabilidade pré-teste da terapia proposta ser superior ao placebo? Para isto, precisamos fazer uma breve revisão sobre o que de mais importante havia sido publicado, até então, a respeito. O FAIR-HF (Ferric Carboxymaltose Assessment in Patients With Iron Deficiency and Chronic Heart Failure) trial mostrou melhora significativa na classificação NYHA, na caminhada de 6 minutos e na qualidade de vida de 459 pacientes com IC crônica, que receberam carboximaltose férrica intravenosa, independente da presença ou não de anemia, desde que ferritina < 100 mg/L ou 100 a 299 mg/L com saturação de transferrina < 20%. 2 O IRONOUT HF (Iron Repletion Effects on Oxygen Uptake in Heart Failure) trial mostrou que não havia melhora com a reposição oral. 3 Isto